terça-feira, 7 de março de 2023

Free and easy

 Free and Easy

A Spontaneous Vajra Song
-By Venerable Lama Gendun Rinpoche
Happiness can not be found
through great effort and willpower,
but is already present,
in open relaxation and letting go.

Don't strain yourself,
there is nothing to do or undo.
Whatever momentarily arises
in the body-mind
has no real importance at all,
has little reality whatsoever.
Why identify with,
and become attached to it,
passing judgment upon it and ourselves?

Far better to simply
let the entire game happen on its own,
springing up and falling back like waves
without changing or manipulating anything
and notice how everything vanishes and reappears, magically,
again and again, time without end.

Only our searching for happiness
prevents us from seeing it.
It's like a vivid rainbow which you pursue
without ever catching,
or a dog chasing its own tail.

Although peace and happiness
do not exist as an actual thing or place,
it is always available
and accompanies you every instant.

Don't believe in the reality of good and bad experiences;
they are like today's ephemeral weather,
like rainbows in the sky.

Wanting to grasp the ungraspable,
you exhaust yourself in vain.
As soon as you open and relax
this tight fist of grasping,
infinite space is there -
open, inviting and comfortable.

Make use of this spaciousness,
this freedom and natural ease.
Don't search any further
looking for the great awakened elephant,
who is already resting quietly at home
in front of your own hearth.

Nothing to do or undo,
nothing to force,
nothing to want,
and nothing missing -

Emaho! Marvelous!
Everything happens by itsel

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Erón

                   ERÓN

Este é o nome do meu cão.

Tem o tamanho de um urso.

Manso igual um cão branquinho.


‘Ei’ fala modo infantil.


Ei tem um jeito muito simples:

Ou Ei gota ou Ei não gota.


Ficar canil: Ei não gota.

Ficar correndo: Ei gota.

De ração, fruta: Ei gota.

Só goiaba que Ei não gota.


Se for remédio, injeção,

Ei não gota, Erón não gota.


Do papai veinho: Ei gota.

Da mamãe braba: Ei não gota.

Mamãe bate: Ei quebra vaso.

De cachorro Ei não gota.

Mas de humano Ei gota.


Seu saber é muito simples.


De viver Ei sempre gota.

De morrer Ei nada sabe.

Se morrer for injeção

Ou remédio – Erón não gota.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

O MENINO E SUA RUA


O menino e sua rua

Tenho a chave, giro e abro o portão.
Lá, na estendida rua, a minha infância.
Estou correndo sempre, até no sono,
não paro sobre o chão, ando nas águas.
Sem perceber, vivo: a vida vive
em mim para saber como existir.

Nessa rua de terra a lua vinha
no olho da coruja ou a pé.
Aos cães ela os chamava pelos nomes
que a ela respondiam com amor,
a ela com seu uivo a deusa amavam.
A mesma lua vinha, hoje não.

Nos dias as carroças madrugavam
e todos os vizinhos iam nelas.
À noite um trás outro retornavam.
Pesados como as rodas que mugiam,
nas casas acendiam a fumaça:
que irradiava o pão de mais um dia.

Persigo um quintal onde morei,
em que de toda árvore caía - 
nadava numa água sem ter margem.
Meu barquinho seguia, seu dono
pensava o que o vento sonha à noite
e acordava com o mesmo pensamento.

Eu era apenas mundo, e o mundo eu.
Eu era o ponto claro numa nuvem.
Eu sabia de cor que tudo é zero.
Desaprendi, no entanto, ser tão rico –
não consigo encontrar naquela rua 
o truque que o menino guarda lá.


domingo, 5 de julho de 2020

TIA HELENA

Tia Helena era Irene

Era Irene, mas não quis,
se nem santa tal havia.
“É Helena, não Irene.”
Mulher fácil não seria.

Criou-se nessas paredes
(de rarefeito solar),
fez de si um convento
e se desmesurou toda.

Qual serva serviu a mim
(morto jazido no mundo).
Foi a mãe coadjuvante
e de quatro irmãs também.

Mãe dobrou-se pra servir -
foi de mãe associada.
Mesmo vergada por mim,
não vivi pra ela nunca.

Ela não cabia em mim!

quinta-feira, 25 de junho de 2020

COMO FAZER A BARBA


COMO FAZER A BARBA DA MELHOR FORMA 


Para um barbear correto e fluido são necessárias algumas escolhas. A começar pelo dia, que pode ser a sexta ou a segunda-feira. Mas que haja sol, na hora matinal, e a luz de um pássaro ao fundo, de canto livre e feliz. Este é o primeiro passo, é a moldura perfeita.  Escolha-se, ato seguinte, aparelho de barbear ideal, de pelo menos duas lâminas, e creme mentolado.  Para tal empresa, convém que essas escolhas sejam criteriosas, evitando assim oposição cerrada dos pelos do rosto. Nessas horas, costuma-se comparar o  rosto de ontem com o de hojetodavia  não pense em argumentar com o tempo e seus lentos (ou rápidos) afazeres. O que conta é o agora, hora de barbear do canto da manhã. A tarefa de barbear pode ser a mais simples e a mais amigável do dia. Faça dela e por ela uma longa jornada dia afora. 

 QUAL É O DIA CERTO PARA BARBEAR? 

Há os que escolhem a sexta-feira, visando a um fim de semana especial em que  precisem estar bem apessoados, com o rosto jovial e macio. Neste caso,  indica-se o entardecer ainda com luz da sexta-feira, é o momento ideal. Supõe-se que haverá para a noite um passeio, um encontro, um jantar ou algo mais.  Há, de outra perspectiva, os que escolhem a segunda-feira de manhã, luz clara e canto de pássaro ao fundo; esses provavelmente partirão para o trabalho ou para um encontro ou entrevista profissional. Aqui os fins a que se volta o barbear adquirem outra importância. É preciso estar impecável e dar mostras de seriedade profissional e pessoal. Isso pode resultar  em um bom emprego ou em uma entrevista bem sucedida. A aparência e o cuidado com o rosto, sua imagem,  nesses momentos, podem ser requisitos decisivos. 

COMO SE FAZ UM BARBEAR CORRETO? 

Como todo ritual da vida cotidiana, o ato de barbear exige técnicas e virtudes naturais.  De posse dos instrumentos para a prática, sove bem o creme de barbear e esparrame-o sobre a barba. Faça-o ficar bem espumante e leve,  para deixar  a barba toda camuflada  para o depilamento Inicie o primeiro momento Comece com paciência e carinho Escolha um lado da face e deslize o aparelho, no sentido de cima para baixo bem suavemente até a área do pescoço; limpe as lâminas, volte à faixa próxima e  repita a ação, até terminar esse lado. Examine  bem esse lado da face e comece o outro lado; repita o procedimento, cuidando para que ambos os lados fiquem bem iguais Passe em seguida ao ato de escanhoar,  que é  aquele movimento inverso ao anterior, de baixo para cima; ele apura a qualidade do primeiro momento. É importante, advirta-se, evitar a pressa e gestos bruscos para não se ferir.  Mas às vezes acontece; não se preocupe, existe o gel pós-barba para isso mesmo, com ele a sua pele estará esterilizada e protegida.  

O ATO FINAL DO BARBEAR  

Chega-se então ao fim da prática Barba feita, rosto novo. Contempla-se nessa hora, vaidoso, o rosto nu e limpo, alisando-o com carinhoRessurgem a primavera e a juventude, perdidas que estavam em meio a barbaPasse para finalizar, bem delicadamente, ainda se examinando,  uma camada fina de gel pós-barba; seu típico perfume restará por muitas horas.  Hora de despedir-se, um adeus àquele novo ser ao espelho, e até a próxima semana. 



AS PEDRAS VIVEM


AS PEDRAS VIVEM

Pedras sonham plumas:
seu jeito de sonhar.
Não dizem que amam:
seu jeito de amar.

Como as pedras sonham!
Como as pedras amam!

Amam a lua e o sol,
o vento e o silêncio.
Gritam no deserto:
mais que pedra Eu Sou.

N’águas as pedras dormem:
no meio de espumas
são das nuvens irmãs.




terça-feira, 2 de junho de 2020

COROADO VÍRUS


   COROADO VÍRUS

O Amor, neste tempo
de pandemia, assume
seu plantão, usa máscara,
e vive de esperanças.

Na terra desolada,
olhos cegos nas casas
vivem sem teto ou chão.
De mil janelas voam
bilhetes eletrônicos  
curtindo o tédio e o medo.

Nas portas veem-se tarjas,
sinal de um x nas testas.
Ao léu, corpos levitam
levados por formigas.
Na balança invisível
ninguém está pesando.

Não há cova nem cruz,
há ronda vã de aves
e o ruminar dos vermes.
Para quem vão as lágrimas
que as retinas merejam?

Uns noventa nanômetros
mede esse rei micróbio.
Tem coroa, e seu reino
cresce e se multiplica
na carne orgulhosa.

Orem ao Deus azul
que anda de sandálias
na vasta terra nossa.
Velem corpos de pó
que rezaram e morreram.