segunda-feira, 25 de julho de 2011

Na fímbria da manhã


Piso a fímbria da manhã.
Logo à porta passa um homem coxo.
Leva consigo uma gaiola. Vazia.
Anunciada prisão filtrada de luz.
Se ele avança, a gaiola recua;
se avança esta, ele recua.
Apenas o verniz do sol sobre
nós, transfigurados e transparentes.
Tudo silêncio, tudo calmo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ao poeta sem leitor

Verso ao poeta sem leitor.

Verso de autoajuda,

de consolo pela

incomunicada poesia

(como tantas outras).

Verso jogado na gaveta

do silêncio cósmico.

Verso que cometeu com

brando sorriso nunca visto

(verso nunca lido).

Verso, soldado que morreu

em desolado campo de batalha

(como tantos outros).

Soldado morto com

recôndito retrato

de amada.

Salve o belo verso

do inominado poeta

(inconsolável).